Minha experiência com energia solar – parte 1 de 3

Há cerca de dois anos, mudei de Curitiba para a Região Metropolitana de Belo Horizonte. Devido à crise em que o país entrou, com a falta de emprego e o aumento constante nos custos da energia, em especial a elétrica, precisei encontrar maneiras de diminuir a conta de energia elétrica.

A primeira opção foi, é claro, a energia solar fotovoltaica. E aí começou minha aventura pessoal, ainda em curso, em busca da independência energética.

Novamente, como no caso da geladeira, a primeira coisa que tive de fazer foi definir com precisão meu perfil de consumo de energia elétrica. E confesso que isso não é muito fácil. No meu caso, levou mais de um ano pra entender como eu gastava minha energia conforme as estações e os horários. E descobri uma coisa surpreendente, pelo menos pra mim: diferente da região Sul, onde eu morava, aqui eu consumo mais energia no verão, do que no inverno. Mais pra frente vou explicar por que.

Comecei a pesquisar muito sobre energia solar. A primeira coisa que descobri, e que pra mim pelo menos, já era mais que óbvia, é que não é viável fazer um sistema de energia fotovoltaica pra esquentar 33614911941_8660c57cbc_zágua. O mais rápido, fácil, prático e barato é aquecer a água através de aquecedores solares. Isso era impossível pra mim no local onde eu morava em Curitiba. U apartamento em um prédio baixo, cercado por prédios muito altos.

Mas na minha nova residência isso era totalmente viável! Com uma conta que beirava os R$200,00 por mês, conseguimos diminuir em 30% o consumo de energia elétrica com várias vantagens:

  1. Acabou aquela história de tentar chuveiro atrás de chuveiro para encontrar um que esquente e não queime a cada 3 meses. Agora só preciso de um aspersor de água.
  2. Acabou o problema de ter de tomar banho com um fiozinho de água no inverno, porque o chuveiro não consegue esquentar a água gelada que entra nele.
  3. Acabou o problema de não poder tomar banho quando acaba a energia elétrica, ou quando tem tempestades.
  4. Ao contrário do que se diz, o aquecedor solar consegue esquentar água até mesmo em dias bastante nublados e com nuvens pesadas. Obviamente, não vai esquentar tanto quanto num dia de sol, mas dá pra tomar banho tranquilamente, apenas dosando a quantidade de água quente/fria pra controlar a temperatura.

Mas, tem alguns poréns…

  1. O cálculo de quantidade de água por pessoa feito pela empresa que ofereceu o sistema foi meio “por baixo”. Razão pela qual resolvemos superdimensionar.
  2. O superdimensionamento nos garante água quente 24 horas por dia, mas tem um problema: É preciso consumir essa água, caso contrário, ela fica tão quente, que vaporiza dentro do aquecedor e sai aos borbotões pelo cano de escape, que é instalado no alto dos painéis.
  3. Resolvemos parte do problema fazendo uma derivação desse cano de escape, que leva essa água de volta para a caixa de água fria da casa, mas mesmo assim, ainda temos um pouco de perda de água nos dias de sol.

Mas os benefícios superaram em muito os poréns.

No entanto, passados alguns meses, e os constantes aumentos nas tarifas de energia, voltamos e até ultrapassamos o patamar dos R$200,00 na conta de luz.Isso me obrigou a buscar outras soluções, mas pra isso precisei fazer, como já disse, o levantamento do meu perfil de consumo, de acordo com as épocas do ano.

Os equipamentos que temos aqui são:

  • cerca de 15 lâmpadas;
  • 3 notebooks, sendo que dois com monitores auxiliares;
  • 1 televisão de LEDs de 40 polegadas;
  • 3 ventiladores;
  • 2 geladeiras;
  • 1 freezer horizontal;
  • 1 lavadoura de roupa;
  • 1 secadora de roupa;
  • 1 micro-ondas;
  • 1 bomba de aquário (e você vai entender porque esse detalhe é importante).

As lâmpadas, como em toda casa, são ligadas apenas à noite, independente da época do ano, mas no inverno ficam ligadas cerca de duas horas a mais do que no verão.

As geladeiras e o freezer têm aquele comportamento já descrito no caso da geladeira e, pelo que percebi, era o menor dos meus problemas.

Paramos de usar a secadora e passamos a secar roupas no varal, já que aqui faz bastante sol.

O micro-ondas é ligado, cerca de 20 minutos todos os dias, portanto, também não era um problema. A mesma coisa para a máquina de lavar roupas.

Sobraram os computadores, ventiladores, a TV e a bomba de aquário.

Os computadores são ligados em sequência: um de manhã, em torno de 9:00. Os outros dois e seus monitores auxiliares são ligados ao redor do meio dia. Isso dura até as 17:30, quando o primeiro computador é desligado, dando lugar à TV e tudo fica ligado até as 21:30, quando a TV é desligada, seguida pelo segundo computador/monitor às 23:00 e o último computador/monitor às 2:00. Esse perfil de consumo é diário.

Entre os meses de Abril e Setembro, os ventiladores não são ligados. Porém, entre Outubro e Março, eles ficam ligados praticamente 24 horas por dia, pois aqui é uma região muito quente.

A bomba de aquário é do bebedouro dos gatos e fica ligada 24 horas por dia 365 dias por ano.

Tendo o perfil acima em mente, fui às contas:

  • 3 computadores consomem cerca de 60 Wh cada (levando em conta a capacidade máxima de potência de suas fontes de alimentação)
  • 2 monitores consomem cerca de 20 Wh cada
  • 3 ventiladores consomem cerca de 40 Wh cada
  • A bomba de aquário consome cerca de 1 Wh
  • A TV consome cerca de 100 Wh

Fazendo as contas:

  • O consumo mensal do primeiro computador é de:

60 Wh x 8,5 horas x 30 dias = 15,3 kWh mês

  • O consumo mensal do segundo computador + monitor é de:

(60 Wh + 20 Wh) x 11 horas x 30 dias = 26,4 kWh mês

  • O consumo mensal do terceiro computador + monitor é de:

(60 Wh + 20 Wh) x 14 horas x 30 dias = 33,6 kWh mês

  • O consumo mensal da TV é de:

100 Wh x 4 horas x 30 dias = 12 kWh mês

E aí vem a bomba:

  • O consumo dos ventiladores durante os meses quentes é de:

3 x 40 Wh x 24 horas x 30 dias = 86,4 kWh mês

  • O consumo da inocente bombinha de água do aquário é de:

1 Wh x 24 x 30 dias = 0,72 Wh mês

  • Para efeito de comparação, uma lâmpada LED de 7 W ligada durante 5 horas por dia, consome:

7 Wh x 5 horas x 30 dias = 1,05 kWh mês

Isso significa que a bombinha é praticamente equivalente a uma lâmpada a mais. Mas não é a vilã da história.

No final da história, eu gasto por mês com computadores: 15,3 kWh + 26,4 kWh + 33,6 kWh = 75,3 kWh

E com ventiladores no verão: 86,4 kWh

Aqui na minha região, atualmente o kWh custa cerca de 1 real. Isso significa que nos meses frios, computadores respondem por 50% da minha conta e nos meses quentes, computadores e ventiladores respondem por 66% da minha conta, aproximadamente.

Percebem o quanto nossa percepção de que esses equipamentos “gastam pouco” está redondamente errada?

Os principais vilões da minha conta de luz são os computadores e os ventiladores no verão. Por outro lado, são equipamentos cuja demanda de energia é pequena, no curto prazo. Pensando nisso, resolvi fazer as contas de que tipo de sistema eu precisaria pra reduzir o consumo de energia desses equipamentos, ou mesmo acabar com esse consumo, se possível.

Se somarmos as potências dos equipamentos, teremos:

(3 x 60 Wh) + (2 x 20 Wh) + (3 x 40 Wh) = 340 Wh

E isso é simplesmente sensacional! Vou explicar o por que no próximo post.

Fique ligado!

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